Ao analisar um texto sobre Reforma Protestante e Pentecostalismo no Brasil, numa aula de pós na área teológica e missão, não poderia deixar de compartilhar a preocupante conclusão a que chegamos no debate: a igreja brasileira é uma das mais fracas e quase “irrelevantes” da história, embora tenha se mostrado sólida e robusta quanto a sua arquitetura. Nos últimos anos, ela tem deixado de fazer “o que é certo”, vivendo de modinhas “missionais”, “missão integral”, “igreja com propósito”, “revolução na adoração” etc., optando por fazer “o que dá certo”. Em tempos de pós modernidade, a igreja tem abandonado os valores éticos, princípios e até mesmo a doutrina cristã.
Chama a atenção alguns fatos que legitimam a análise conclusiva realizada: esta igreja da qual falamos se esforça para integrar os negros mas se negam a discutir o racismo; até incluem os marginalizados, mas evitam comentar sobre os problemas estruturais que os levaram a esse estado; procuram valorizar as mulheres, mas correm do debate sobre machismo, dos “filhos de mães solteiras ou dos filhos sem pais”; glorificam a Deus pelas curas, mas abominam falar ou enfatizar sobre as doenças e suas causas; “expulsam os demônios das pessoas”, mas para não assustá-las, não dizem que elas precisam ser limpas das opressões, através da obediência a Deus; e por fim, incluem gays e lésbicas mas falam mais de teologia, em toda sua completude, e menos em sexualidade ou transexualidade.
Para concluir e piorar ainda mais a realidade, há uma grande acomodação social, pois ao mesmo tempo a igreja é omissa, mas vibrante; barulhenta, mas calada; teologicamente correta, mas só se esta teologia vier de um “homem branco de classe alta ligado às elites. Porém, se for um negro, pobre e ainda da periferia, não terá validade, pelo contrário, será suspeito, ainda que teólogo”.
O cenário no qual a igreja desta geração está inserida é fruto de um “protestantismo” sem reforma (Reforma Protestante), já que tudo começou com a chegada de europeus e americanos no Brasil, não como igreja mas como grupos étnicos, que se uniram com o objetivo de "colonizar" e não "evangelizar". Digamos que foram ações colonizadoras sociais racionais movidas por fins e não por valores, lembrando aqui Max Weber.
Daí surgem indagações que permeiam a já inquieta mente humana - menos inquieta quando tais inquietações são entregues para o Deus que acalma inquietudes - até quando seremos surpreendidos com os fenômenos religiosos, econômicos ou sociais, que teimam em deturpar as verdades eternas, enfraquecendo a igreja como instituição e como corpo de Cristo? I Pedro 2:9,10.
Autor(a): JMM - Pr. Amadilson Soares de Paula